quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Objectivo atingido: finalmente livrei-me do empréstimo bancário!! - os passos que dei para o conseguir

Neste momento sinto-me muito feliz! Finalmente, após muita luta, atingi o meu objectivo de médio prazo de pagar a totalidade do meu empréstimo bancário, neste caso um crédito habitação.

No Sábado de manhã, quando fui verificar se o Banco já tinha retirado o dinheiro do empréstimo, a imagem que vi no computador, foi aquela ao lado. Bem, fiquei tão, mas tão feliz! E mesmo que seja uma felicidade efémera, isto contribuirá para algo maior: o meu desejo de estabilidade financeira. A verdade é que quanto menos dívidas temos, mais liberdade ganhamos e mais sobra para podermos usufruir de experiências que nos fazem felizes (viajar, por exemplo).



Mas na verdade, tenho de agradecer tudo isto ao João Martins (que nem sabe que eu existo) e ao seu livro "A Economia lá de Casa". Este livro mudou a minha vida e, se não fosse por ele, hoje ainda me faltariam 35 anos de empréstimo para pagar!!!

Na prática, o autor defende um modelo de orçamento doméstico baseado na redução de custos fixos, ou seja, na redução de desperdícios de dinheiro e no seu aproveitamento para poupança e eliminação de dívidas. Deixo aqui as palavras do autor que serviram de mote para eu avançar: "Chegou então a hora de atacar directamente a dívida bancária e abrir perspectivas até agora fechadas para colocar o juro e o tempo a trabalhar para o seu próprio favor em vez de contra si". E assim foi, aqui foi o princípio de tudo, algures no ano 2008.

Como fiz, para alcançar este objectivo?
Tal como o meu actual plano para destralhar totalmente a casa, elaborei um plano para pagar a totalidade do empréstimo bancário (eu gosto de fazer esquemas no papel para alcançar os meus objectivos - não acredito que se vá longe só por se desejar algo, sem redigir um plano para o alcançar). 

Nesse plano descrevi as acções para alcançar o meu objectivo, como me iria manter motivada e o tempo que iria demorar. Este último ponto, é onde as pessoas mais falham. Movidas pelo entusiasmo inicial pressupõe que vão demorar menos tempo do que aquele que realmente necessitam. Depois como começam a não cumprir o planeado, acabam por desanimar e desistem dos objectivos. Por isso, atribui mais tempo para alcançar este objectivo, do que realmente demorei. Há medida que fui avançado no meu plano, acabei por ir reajustando os prazos, mas sempre com a folga necessária para não dar um passo maior que a perna.

Qual o ponto de partida? O valor e o prazo de pagamento do empréstimo:
O meu empréstimo não foi propriamente grande, foi de 72.500,00 €. Na altura optámos por comprar uma casa já com alguns anitos (dos anos 90), quando a maioria das pessoas comprava casas a estrear. Para além de ter uma área maior que a média e uma vista fantástica, preferíamos gastar menos, para depois a recuperar ao nosso gosto. 

Este empréstimo foi feito em 2005, com um prazo de pagamento de... 45 anos!!! Jesus!... Na altura pagava cerca de 250,00 € mês e andava toda contente com isso, quando a maioria das minhas colegas pagavam o dobro (tinham feito empréstimos maiores). 

Só 3 anos depois acordei para a realidade e comecei a perceber, que mesmo pagando um valor menor (que entretanto tinha subido razoavelmente, devido à subida de juros), não tinha piada nenhuma ter aquela preocupação quase toda uma vida. Sentia que andava a trabalhar só para a casa.


Que acções concretas fizeram com que me livrasse da dívida?

1.º passo - renegociar a taxa de spread.
De contrato na mão, eu e o meu marido visitámos todos os bancos da cidade (que até nem eram poucos) e pedimos uma proposta para ter um spread (que é o lucro do banco) mais vantajoso. Em cada banco mostrávamos a proposta do banco anterior, pelo que nos propunham sucessivamente spreads mais baixos. Por último dirigimo-nos ao banco onde tínhamos feito o crédito. Sucesso garantido, conseguimos ter um spread igual à proposta mais baixa que nos tinham feito (e eles tiveram a sorte de não perderem clientes, porque se não baixassem, garantidamente mudávamos de banco). Nesta altura a nossa prestação mensal teve uma boa redução.

2.º passo - fazer um Orçamento Doméstico.
Inicialmente comecei por usar o modelo descrito no livro, mas posteriormente adoptei o descrito neste post. Ter um orçamento permite-nos controlar o nosso dinheiro, uma vez que nos dá uma visão clara dos nossos ganhos e gastos mensais. Com base nisso, torna-se bem mais fácil saber onde poupar.

3.º passo - controle de despesas.
Este passo vem na sequência do anterior. Ao longo dos anos fui lendo outros livros de gestão doméstica, bem como revistas da DECO. Aproveitando uma dica aqui e outra ali, acabei por conseguir reduzir as despesas que tinha. 

a) Medidas adoptadas: Parte das medidas que adoptei estão descritas neste post, e vão desde ter feito um modelo de lista de compras, estabelecendo um máximo de gastos mensais, até ter vendido os electrodomésticos antigos e substituído por outros de maior eficiência energética ou ter passado a consumir produtos de marca branca ou até de ter substituído todas as lâmpadas da casa, por outras de consumo mais económico, etc., etc.  Periodicamente também faço uma renegociação dos contratos que tenho com várias empresas (ex. telemóveis, televisão, etc.). Estas e outras sugestões estão descritas na etiqueta "dinheiro" do blog.

b) Excepções: Algo em que continuei a gastar dinheiro foi em livros e viagens. No que respeita aos livros, não compro qualquer um, mas sim aqueles que vejo que podem melhorar a minha vida - logo, são um investimento. No que respeita às viagens, que me fazem bastante feliz, continuo a fazê-las, mas seguindo algumas regras para controlar os gastos.

4.º passo - destralhar a minha vida.
Entretanto comecei a ouvir falar no conceito de "tralha" e, para reduzir o trabalho extra que esta me dava, comecei a destralhar (actualmente, estou novamente a fazê-lo). Comecei a perceber que são as experiências e não os objectos, que nos proporcionam felicidade. Assim, ao longo do tempo, fui aprimorando o sentido daquilo que não faz falta na minha vida e, a verdade, é que isso conduziu a poupanças. Na altura de comprar, vem sempre à minha mente se aquele objecto, aquela pechincha em promoção, não será mais tralha cá para casa - que no fim só me vai dar trabalho. Para além disso, isto previne a compra repetida de objectos que já temos (quando a tralha é muita e não sabemos o que temos, corremos o risco da repetição). Pode não parecer, mas aqui poupamos bastante.

5.º passo - reduzir o tempo de amortização.
Em finais de 2008, os meus extractos bancários mostravam um dura realidade - de tudo o que pagava mensalmente ao banco, só 37,00 € eram destinados à amortização de capital. Tudo o resto eram juros. E como estes se baseiam no capital em dívida, associado ao facto de estar a amortizar um valor baixíssimo, estava quase que exclusivamente a dar dinheirinho extra aos cofres do banco. Reduzimos assim o tempo de amortização para 25 anos.

De notar que os bancos têm todo o interesse em esticar os prazos dos créditos bancários, pois assim chegam a receber o dobro ou o triplo do que emprestaram. Apesar de em certos casos dar jeito manter prazos longos para manter uma prestação mensal menor (por exemplo quando surgem dificuldades financeiras), a situação ideal é sempre encurtar o prazo, para pagar menos globalmente e o mais rápido possível.

6.º passo - pagar a mim em primeiro lugar.
Entretanto tomei conhecimento da ideia de "pagar a mim mesma em primeiro lugar". Por outras palavras, eu e o marido, assim que recebíamos o vencimento, passámos a pôr de imediato um valor de lado (os especialistas aconselham 10% dos ordenados). Depois de fazer isso, é que pagávamos o que havia para pagar (contas, compras, etc.). Este conceito baseia-se no facto de que quando pagamos aos outros primeiro, por vezes não controlamos os gastos e acaba por não sobrar nada para poupar. Assim, há a garantia de que poupamos sempre.

7.º passo - nova redução do tempo de amortização.
Os juros da taxa EURIBOR começaram a descer a pique e a prestação mensal do empréstimo também. Uma vez que tinha possibilidade de pagar o valor mais elevado da prestação anterior, renegociámos novamente com o banco e reduzimos a amortização para 15 anos. Isto fez com que passasse a pagar muito mais capital da dívida e cada vez menos juros. Aliás, após cada renegociação com o banco, o capital que tinha pago ao final do ano era o seguinte:
1.ª renegociação - capital amortizado em 2008: 440,00 €
2.ª renegociação - capital amortizado em 2009: 2.600,00 €
3.ª renegociação - capital amortizado em 2010: 6.000,00 € (uma grande diferença, heim!)

8.º passo - poupar tudo o que for possível.
Entretanto comecei também a tentar poupar tudo o que era possível. Até o meu pai no meu aniversário, não me oferecia "objectos", mas sim algum dinheiro. E lá ia eu pôr de parte. Tentei juntar também os reembolsos de IRS. O meu marido vendeu um terreno... Juntei tudo o que consegui, com o objectivo de saldar a dívida. 

9.º passo - amortização parcial da dívida.
Em 2013, do dinheiro que tinha poupado fizemos uma amortização parcial da dívida. Na altura, o banco sugeriu que não pagássemos, mas antes que abríssemos uma outra poupança, com juros superiores aos do empréstimo. Mas as taxas eram tão pouco atractivas... E no meu caso em particular, sinto-me mais motivada ao ver o valor em dívida a decrescer. 

Para além disso, não voltámos a reduzir os anos da amortização, porque segundo o banco, isso implicava uma revisão do contrato, com a possível alteração da taxa de spread. E isso não nos interessava, de todo. Optámos antes por outra medida (também aconselhada no livro). Continuámos a poupar o mesmo que anteriormente, e o que decresceu mensalmente da prestação, também tentámos pôr de lado, como se a prestação não fosse descer.

10.º passo - mais poupanças, venda do carro e amortização total da dívida.
Esta foi a última medida do plano para me livrar das dívidas. Vendi o meu carro. O marido passou a andar com o carro do trabalho e eu passei a andar com o carro dele. Ao fim-de-semana andamos agora com o que é considerado o «carro da família». Não gosto tanto por ser um carro maior, mas prefiro isso, do que andar a pagar a dívida mais anos. Assim, que recebemos o dinheiro do carro, fomos saldar de imediato a dívida ao banco. Que alívio!

««»»

Em jeito de conclusão, isto só prova a importância de ter um plano com acções concretas para alcançar os nossos objectivos. Quando não o fazemos, os objectivos por norma, não passarão de «desejos», porque acabamos por não fazer nada de palpável para os concretizar.

Quanto a mim, sinto um alívio enorme. E isto deu-me esperança do quanto podemos alcançar quando nos esforçamos. Neste momento, o meu esforço está encaminhado para me livrar totalmente da tralha cá de casa. Hoje, acredito que é possível!

Fotos: 1.ª Mafalda S., 2.ª Wook.
...........................................
Sabe mais sobre o meu dia-a-dia:

17 comentários:

  1. Muitos parabéns e obrigada pela inspiração!

    ResponderEliminar
  2. Ola parabéns ...e obrigada por partilhar estas boas dicas poupança.. pode me enviar por email a lista compras e orçamento? fico muito agradecida bjinhos andreiasantos1973@gmail.com

    ResponderEliminar
  3. Espetacular Mafalda!!! De facto o planeamento e o foco fazem toda a diferença. :)
    Foi muito bom ler este teu testemunho inspirador numa fase em que eu própria necessito de reorganizar a minha vida financeira!

    ResponderEliminar
  4. que espectaculo!!! muitos parabéns!

    ResponderEliminar
  5. Parabéns! Que boa notícia! Margarida

    ResponderEliminar

  6. Mas teve pontos a seu favor. Nem todos podem andar com o carro do serviço!

    Mas reconheço que foi uma grande mulher e, como tal, está de parabéns.

    helpfree31@gmail.com.

    Envie o que puder, apesar de eu ganhar apenas o ordenado mínimo e não saber mto bem em que cortar, agradeço todos os seus ensinamentos e partilhas.

    Parabéns e Felicidades

    ResponderEliminar
  7. Parabéns!!!
    É muito bom poder ler sobre as ações e os resultados que você obteve. Nos mostra que sim, é possível.
    Obrigada por nos inspirar. Tenha muito sucesso em seus projetos e felicidade para você e sua família.
    Keila

    ResponderEliminar
  8. Obrigada pelos parabéns, mas tenho que esclarecer que eu nunca andei com carro do serviço. Quanto ao meu marido, passou a andar durante o período de trabalho com a carrinha de trabalho, mas trata-se da empresa dele (até bem recentemente era trabalhador independente, daqueles que têm muitos deveres e pouquíssimos direitos). Quando chega a casa, então passamos todos a usar o carro de família. Também não investimos em carros muito novos, este é de 2002. Quem sabe um dia...

    Acho que o ponto que tive a meu favor, foi mesmo o facto de ter lido o livro certo à hora certa.

    Mesmo com ordenados baixos, há alguma hipótese de poupar. Há livros e sites na Net com imensas dicas de poupança. Por exemplo, eu cheguei a ter um mapa comparativo de preços dos hipermercados da zona, no que respeita aos produtos que consumia. E adquiria os produtos nos locais onde eram mais baratos. Conheço também pessoas que fazem verdadeiros malabarismos com os talões de desconto. Mas isto são só algumas ideias... O que acho mesmo importante é ter um orçamento e a partir daí tentar poupar onde der para poupar.

    Beijinho

    ResponderEliminar
  9. Muitos parabens. Sucesso!!!

    Xana

    ResponderEliminar
  10. Que Boa Notícia!

    Muitos, mas muitos Parabéns!

    É mesmo o lema: "insista, persista, mas não desista!"

    ResponderEliminar
  11. Parabéns! Que alívio!
    Eu estou a construir uma casa, será possível disponibilizar as ferramentas que usou?
    ssmatprof@gmail.com
    susana

    ResponderEliminar
  12. Mafalda o teu blog é verdadeiramente inspirador!! Leio e releio os truques que usaste e pretendo traçar um plano também...
    O meu grande problema é a visão que o meu marido tem do dinheiro que é completamente diferente da minha. O meu marido é um super gastador :( Como fazer com que embarque nesta aventura comigo?
    Outra questão que tenho é, como conseguir poupar quando se tem crianças? Há vacinas, médicos e medicação para pagar qd ficam doentes, seguro saúde, roupa...ai jesus como crescem! Produtos de higiene, fraldas etc etc etc
    Algumas dicas que possas partilhar? Beijinho grande e obrigada por este blog! ;)

    ResponderEliminar
  13. Este post e alias todo este blog é uma fonte inesgotável de inspiração e motivação obrigada e espero que continue por cá muito e muito tempo.
    Este post vem mesmo a calhar, agora que começamos a pagar a nossa casa também e eu que até achava ter feito bom negocio com o banco e termos sido razoáveis no empréstimo. Passei a ver a nossa decisão com outros olhos e vou certamente analisar todos os prós e contras. Muito obrigada

    ResponderEliminar
  14. Bravo! Uma autogestão activa perfeita! E este post é um perfeito manual de boas práticas, obrigado.

    ResponderEliminar
  15. Parabéns Mafalda :)
    Já algum tempo que sigo o seu blog e gosto muito das dicas que dá e desde já lhe agradeço porque têm me sido muito úteis :) Principalmente a dos destralhamentos :D
    Esta é muito boa, é um caso com o qual também tenho de me debruçar, mas é muito complicado ir aos bancos por causa dos horários, mas querendo tudo se consegue, não é ;D
    Obrigado mais uma vez e muito parabéns por esta fantástica vitória ;)
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  16. Olá! Estive de férias por 3 semanas, com o pc avariado, sem acesso à internet e só hoje li o seu post! Muitos parabéns pelo seu sucesso! Espero conseguir pagar o meu crédito habitação também antes do tempo!!

    Sandra

    ResponderEliminar

Related Posts with Thumbnails